Contrariando o que muitos pensadores humanistas profetizaram no século XVIII, o problema da intolerância religiosa não se resolveu até o século XXI.
Um breve olhar sobre o mundo contemporâneo é suficiente para se certificar de que, diferentemente do que muitos pesquisadores, pensadores e analistas da religião preconizam, a religião tem se imposto ainda hoje como um dos principais mecanismos de atribuição de sentido à existência humana. Com isso, as relações objetivas e subjetivas entre os sujeitos tem encontrado nas doutrinas e instituições religiosas mediações que nem sempre se pautam no respeito pela auteridade.
Assim ecoam como conselhos antigos a eficácia na mediação de problemas contemporâneos.
"Se os cães tivessem inventado um deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao nome a dar-lhe, perdigueiro fosse, ou Lobo-d´Alsácia? E, no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do trufado da cauda do seu canino deus?"
(José Saramago, In Nomine Dei, 1993, p.9).